O Banco Central do Brasil lançou uma consulta pública que sinaliza uma nova fase regulatória e redefine a exposição das instituições financeiras aos criptoativos no país. A iniciativa estabelece critérios para que bancos, corretoras e demais entidades autorizadas avaliem com rigor sua participação nesse segmento, enquanto autoridades buscam dar maior segurança ao sistema financeiro. Esse movimento marca o aprofundamento da supervisão sobre ativos digitais e prepara o terreno para ajustes estruturais.
Em Brasília, o órgão monetário apresentou proposta que divide ativos virtuais em subgrupos distintos e atribui obrigações de capital a quem opera com exposição significativa. A proposta visa adicionar exigências de liquidez, transparência e governança para lidar com os riscos inerentes aos criptoativos. Para algumas categorias de ativos, a regra impõe limite de até 1 por cento sobre o capital de nível I do patrimônio de referência de cada instituição, o que redefine a escala da operação no meio financeiro.
No setor bancário, analistas em São Paulo observam que a nova consulta pública acarreta mudanças relevantes na avaliação de risco e na contabilidade das instituições. As entidades que oferecem exposição a ativos virtuais passam a precisar mapear com clareza se esses ativos se enquadram como substitutos de instrumentos tradicionais ou se possuem mecanismos de estabilização próprios. Essa distinção é vista como crucial para determinar qual tratamento regulatório será aplicado.
As fintechs e corretoras que atuam no interior também começam a ajustar suas estratégias em função dessa nova fase regulatória. Em Campinas, operadores afirmam que embora a atuação continue dinâmica, espera‑se um período de adaptação durante o qual muitos modelos serão revistos. A exigência de reservas, divulgação de balanços e segregação de ativos digitais exige adequações tecnológicas e de governança.
Na esfera da supervisão financeira, a medida também reflete alinhamento com padrões internacionais, como os propostos pelo Basel Committee on Banking Supervision. Ao adotar práticas de prudência similares às dos grandes bancos globais, o Brasil demonstra intenção de integrar seus mercados ao contexto global e reduzir vulnerabilidades. Esse alinhamento é visto como passo importante para a maturação do ecossistema de ativos digitais no país.
Ainda que a proposta tenha data de vigência futura, com início previsto para 1º de janeiro de 2027 e transição a partir de julho de 2026, o mercado já reage. Operadores de São Paulo relatam que a expectativa sobre os prazos e as regras está influenciando a estruturação de fundações de compliance e de sistemas de monitoramento. A antecipação dessa adaptação pode conferir vantagem competitiva para instituições que agirem rapidamente.
Por outro lado, o ambiente de incerteza persiste. Instituições com perfil mais conservador observam que a imposição de limites e o aumento de exigências podem desestimular algumas operações com ativos digitais. Em cidades como Belo Horizonte e Porto Alegre, consultores financeiros alertam para crescimento de ponderações sobre os custos de adequação versus o retorno das operações com criptoativos.
Em síntese, a nova fase regulatória redefine a exposição das instituições financeiras aos criptoativos e destaca a transição que o mercado digital brasileiro enfrenta. O órgão regulador reforça a função de garantir estabilidade financeira ao mesmo tempo em que abre espaço para a inovação. A observação e a adaptação serão determinantes nos próximos anos para quem atua no universo dos ativos digitais.
Autor: Alan Nacamoto
