A Agência Nacional de Proteção de Dados (ANPD) anunciou a suspensão dos incentivos financeiros oferecidos pelo projeto World, que recompensava usuários com criptomoedas em troca do registro de suas íris. A decisão, divulgada em 24 de janeiro de 2025, ocorre em meio a polêmicas geradas por vídeos compartilhados nas redes sociais sobre a operação. O projeto, que é vinculado a Sam Altman, CEO da OpenAI, levantou preocupações sobre a privacidade e a segurança dos dados biométricos dos usuários.
De acordo com o comunicado da ANPD, a empresa Tools for Humanity, responsável pelo projeto, deve interromper a oferta de criptomoedas e qualquer outra compensação financeira relacionada à coleta de dados biométricos no Brasil. A medida entrará em vigor no dia 25 de janeiro de 2025. A ANPD também exigiu que o World identifique em seu site o encarregado pelo tratamento de dados pessoais, reforçando a necessidade de transparência nas operações.
A decisão da ANPD foi motivada por uma análise preventiva que indicou que a concessão de recompensas financeiras poderia comprometer o consentimento dos usuários. A agência destacou que, segundo a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), o consentimento para o tratamento de dados sensíveis deve ser livre, informado e inequívoco. A oferta de criptomoedas poderia influenciar a decisão dos indivíduos sobre a disposição de seus dados biométricos, especialmente em situações de vulnerabilidade.
Além disso, a ANPD considerou que o tratamento de dados pessoais realizado pelo World é particularmente grave, uma vez que envolve dados biométricos que não podem ser excluídos. A irreversibilidade da revogação do consentimento também foi um ponto levantado pela agência, que enfatizou a necessidade de proteger os direitos dos titulares de dados. Essa situação reflete uma preocupação crescente com a privacidade e a segurança das informações pessoais no Brasil.
O projeto World já enfrentou desafios em outros países, tendo suas operações suspensas em nações como Espanha, Portugal e Coreia do Sul. Além disso, a empresa foi multada na Argentina por questões semelhantes. As autoridades desses países apresentaram justificativas que ecoam as preocupações levantadas pelo governo brasileiro, evidenciando um padrão de vigilância em relação ao uso de dados biométricos.
Em resposta à suspensão dos incentivos, o World afirmou que está em conformidade com as leis e regulamentos brasileiros. A empresa também destacou que informações imprecisas nas redes sociais contribuíram para a desinformação sobre suas operações. O World expressou confiança em sua capacidade de trabalhar com a ANPD para garantir que os brasileiros possam continuar a participar da rede, reafirmando seu compromisso com a prestação de serviços.
Recentemente, o responsável pelo projeto no Brasil negou acusações de que o World estaria “vendendo” a íris dos usuários. Ele explicou que, em vez de armazenar os dados biométricos, a íris é convertida em um código, o que minimiza os riscos em caso de vazamentos. Essa afirmação visa tranquilizar os usuários sobre a segurança de suas informações pessoais e a integridade do sistema.
A suspensão dos incentivos financeiros pelo governo brasileiro destaca a importância de regulamentações rigorosas no uso de dados biométricos e criptomoedas. À medida que o mercado de criptomoedas continua a crescer, é essencial que as empresas operem de maneira transparente e responsável, respeitando os direitos dos usuários e garantindo a proteção de suas informações pessoais.